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  • Foto do escritorNicole Annunciato

Trip Voluntária: Um novo olhar para a África e a quebra de esteriótipos

Atualizado: 4 de jul. de 2022



Após viajar para a África em 2013, Gustavo Leutwiler Fernandez descobriu que, ao voltar o Brasil, ele não era mais o mesmo. A percepção que tinha do continente mudou totalmente, e com isso decidiu que queria ajudar outros viajantes pelo país a terem a mesma experiência.


“Eu achava que eu ia pra África fazer meu papel como cidadão e salvar as pessoas. As viagens me transformaram e me deram um propósito de querer que mais pessoas tenham essa oportunidade.”

Foi com esse desejo que ele fundou a Trip Voluntária, o projeto que tem parceria com agências de viagem especializadas em voluntariado.


“A gente imagina a África como uma questão homogênea, como se fosse um país só, um único povo, como se só tivesse pobreza e vida selvagem. O que me encantou foi justamente mostrar essa parte da África que a gente não vê na mídia geral, na cultura pop, filmes e livros, e mostrar isso para as pessoas, mostrar o lado que a gente geralmente não tem acesso”, diz.


“Às vezes a gente não pensa na África como um destino turístico, a gente pensa na Europa, na Disney, mas a gente não imagina que pode fazer uma viagem para a África curtindo a natureza e uma série de outras coisas que o continente oferece. Eles são muito mais do que a gente vê em filme de Hollywood”, completa.


A Trip Voluntária começou em 2016, pouco depois da terceira viagem que Gustavo fez para o continente africano.






No início, ele registrava tudo que aprendia como voluntário em um blog, que posteriormente virou um livro. Mas a missão de “abrir os olhos” das pessoas foi muito além, e com isso surgiu o projeto. Porém, ele conta que pretende não limitar as viagens apenas para a África.


“Em 2017 viajei pra Palestina e voltei com essa ideia de quebra de estereótipos do povo árabe, a gente tem a ideia de radicalismo religioso e eu queria ajudar a quebrar isso. Viajei também pelo Brasil para comunidades indígenas e povos ribeirinhos na Amazônia, com o intuito de conexão e de ouvir mais do que levar alguma informação”, diz.


Juntamente com a noiva dele, Gustavo mobiliza o projeto há quatro anos. Eles pretendem também realizar expedições próprias e trabalhar o lado holístico nas viagens.


“A gente tem dois parceiros principais que são agencias especializadas em turismo voluntário, que é um turismo baseado na ideia de sustentabilidade, troca de experiências. Trabalha com mão de obra local em conjunto com as comunidades pra fazer algo que seja útil pra eles e responsável tanto do lado humano quanto do lado do meio ambiente.”


Síndrome do ‘branco salvador’


Os voluntários, para participar do projeto, precisam passar por uma série de etapas. Primeiramente devem preencher um formulário e consultar as opções de viagem, tanto para a África quanto para Amazônia, ver o roteiro, tempo mínimo de estadia, datas e o que está incluído no preço da viagem.


Além disso, eles também podem selecionar algumas atrações como oficinas de artesanato, culinária e coisas do gênero.





“Eles se identificam, preenche uma ficha e a gente direciona para os parceiros para as questões mais burocráticas como pagamento e fechamento de datas.”


Além disso, os voluntários precisam participar de um treinamento online antes da viagem, para receber o material e também trabalhar a comunicação não violenta, e a empatia.


“A gente tem essa preocupação de orientar para evitar comportamentos negativos, a síndrome do “branco salvador”, aquela pessoa que pensa que vai salvar o mundo e acaba reforçando estereótipos que mais prejudicam do que ajudam, de que a África é um continente pobre que precisa da nossa ajuda, mas os problemas já vieram de fora, pelos colonizadores”, explica.

“Isso é para que a gente não chegue com nossas imposições, nossas verdades, que a gente possa ouvir e construir em conjunto com eles as soluções. Quando a gente faz uma viagem dessas a gente é muito mais ajudado do que a comunidade, porque a gente volta com uma visão completamente diferente”, diz.


Também é importante tomar alguns cuidados com relação às fotos tiradas nos locais, como afirma o idealizador da Trip.


“Cuidados com as fotos para não expor as pessoas, não fazer selfies querendo posar como se fosse o herói. Não somos os protagonistas dessa historia, estamos lá para ajudar, para aprender”, reforça.


Gustavo conta também que o feedback dos clientes acaba sendo sempre positivo, e que muitos voltam das viagens com o senso crítico mais apurado.


“A gente está com a questão da Amazônia sendo falada pelas mídias e quando a gente está lá, entra em contato com as comunidades que vivem na floresta e da floresta, a gente tem a real dimensão do quanto é importante preservar não só o meio ambiente, mas as comunidades que vivem ali, porque eles são os reais guardiões”, diz.


“[O voluntário] Volta querendo viver mais experiências desse tipo, contato real com as pessoas. É um trabalho muito de formiguinha. A África é um continente gigantesco com infinitas culturas, povos, e cada um tem sua particularidade. A gente precisa mudar nossa forma de enxergar a situação. A grande dificuldade é transformar a ideia que as pessoas têm.”




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