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  • Foto do escritorNicole Annunciato

Por trás do coelho: Magda Cotrofe além das capas da Playboy

Atualizado: 4 de jul. de 2022


“A gente nunca deixou de vivenciar o preconceito, sempre existiu em toda minha vida com a história da Playboy. Você é taxada, parece que não é bem-vinda, mas eu nunca deixei isso me abater.”

O que você realmente sabe sobre os famosos que acompanha nas redes sociais ou que já viu em capas de revista? Para a carioca Magda Cotrofe, essa escassez de informação – ou vontade de se informar – é um dos maiores problemas com os quais convive.


Magda foi modelo da revista playboy nos anos de 1985, 1986 e 1987, uma das primeiras a participar de três anos seguidos de edições da Playboy, e posar com vestido de noiva em uma delas.


Mas os trabalhos da modelo vão muito além disso. Antes patinadora artística e agora consultora de moda, a precursora do biquini fio dental fala sobre o constante transtorno em ser taxada como “apenas” modelo da Playboy.


Magda já participou também de diversos trabalhos culturais, foi designer de moda, estilista e inclusive teve uma empresa de biquínis. Você pode até não saber, mas se já ouviu o bordão “é o meu jeitinho”, do Jô Soares, também acompanhou o trabalho da Magda como a personagem “Liliane” no programa “Viva o Gordo”.


“Já dei entrevista em Milão, e falei que para usar um fio dental não precisa ter só bunda, tem que ter muito peito pra aguentar tudo isso. Sofri muito mas nunca dei ouvido porque não sou o que eles acham que eu sou. Eles te rotulam, julgam, o ser humano é muito ruim”, diz.


Do interior para o mundo


Nascida em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, Magda começou a carreira de modelo aos 22 anos fazendo trabalhos na capital. Ela foi convidada para participar de um concurso e ser uma das garotas da playboy mas, em primeiro momento, recusou.


“Eu comecei a me destacar muito no carnaval e a Playboy teve interesse, mas eu não achei que ia ser legal. Depois de um tempo eles me ofereceram, e aceitei fazer a primeira capa. Era muito diferente para mim porque eu vim do interior, mas depois você vai vendo que as coisas começam a se tornar normais, não é apavorante”, afirma.


Os trabalhos começaram um tempo antes da tão conhecida sessão de fotos: Era necessária uma adaptação com toda a equipe. Magda conta a interação com os fotógrafos da primeira edição que ela participou foi em uma praia deserta.


“Foi bem chocante fazer a primeira capa, todas elas na verdade, cada uma era uma sensação diferente. Não é fácil ficar nua com uma equipe, mas as fotos na natureza eu gostava porque me sentia mais livre. É difícil, bem difícil”, afirma.


O contrato com a editora também não ajudava muito no conforto da modelos, visto que de inicio não tinham muito direito a opinar sobre o que gostavam ou não. Mas, segundo a modelo, depois de um tempo a história mudou e ela pode dizer o que preferia na revista, como os lugares e algumas fotos.


“Ou você faz ou você não faz. Depois tivemos alguns problemas porque usaram para caramba material meu, anos e anos. Mas posar na Playboy não era pra qualquer pessoa.”


Sentimento de liberdade


A modelo conta que posou na revista durante a finalização do período da ditadura e, por isso, o sentimento de se sentir livre era algo muito estimado por todos no país.


Dessa forma a revista Playboy fez muito sucesso e as que ela participou, inclusive, venderam mais de 300 mil unidades em apenas 15 dias.


“Eu não era tão famosa e conhecida, eles não acreditaram muito. Ficaram outros 15 dias sem vender revista nenhuma, nunca tinha acontecido isso. As pessoas iam de banca em banca e não tinha”, conta.


“Eu não tenho milhões de revistas e capas mas as poucas que eu tenho foram um marco. Mas não sou só isso, sabe? Quando você conhece um pouco mais da pessoa você tem outra visão. Nossa divulgação era jornal local ou TV.”


Hoje, Magda é consultora de moda do primeiro museu de biquini no mundo, inaugurado em Bad Rappenau, na Alemanha.


A playboy foi um grande marco na vida dela, mas segundo a modelo, poder continuar trabalhando no ramo da moda é extremamente gratificante, apesar de não ser muito reconhecida pelo público por isso.

“Elas acham que eu sou aquilo lá. Fica sempre como ‘Magda, a capa da playboy”, e por aí vai. Mas vai muito além, sou muito mais do que uma capa”, afirma.

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1 Comment


isaac eduardo
isaac eduardo
Sep 27, 2020

Que matéria incrível, eu amei!!!

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