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‘Naftalina’: A loja de discos de vinil resistente na geração Spotify

Atualizado: 4 de jul. de 2022

Escrito por: Nicole Annunciato e Rodrigo Andrade

“Naftalina lembra antiguidade, coisa velha. É esse o nome, e pegou desde o começo”.


Esse é relato de um morador de Itapetininga, no interior paulista, que tenta manter viva a tradição dos discos de vinil.


Com o desenvolvimento da tecnologia e a facilidade do mundo digital, ouvir músicas nesse formato não faz mais parte da realidade de muitos brasileiros, mas mesmo assim, Dinoel Duarte Correa, de 59 anos, conta que teve a ideia de abrir uma loja de discos e vitrolas na cidade.


Dino, como é conhecido, decidiu inaugurar a loja há quatro anos, quando foi de São Paulo para a cidade e começou a trabalhar na “feira da barganha”.


“Eu trabalhava na feira e apareceu uma caixa de discos, então montei a loja, não tinha concorrência. De tanto comprar não cabe mais nada. Começaram a aparecer, 10, 20, 30 caixas”, comenta Dino, rodeado de discos, CD’s e livros dos mais diversos artistas.


Bon Jovi, Alceu Valença, Jorge Ben Jor, Cazuza, RPM, Michael Jackson... São muitos os discos vendidos na loja. A reportagem do Abelha Expressa esteve no local e não pode deixar de levar alguns dos grandes nomes da música para a casa.


Dino conta que sempre teve interesse em antiguidades e, apesar de existirem colecionadores, ele afirma que o maior público da loja são jovens, e muitas vezes os que se interessam por artistas de rock.

“Discos de rock vendo todos. Outro dia comprei 180 CD’s e em uma semana ficaram 40, só. Virou um trabalho e uma paixão”, lembra.


Além disso, Dino explica que a Naftalina é referência em várias cidades quando o assunto é música. Com diversas indicações e divulgação nas redes sociais, ele recebe clientes de cidades como Jundiaí, Sorocaba, Angatuba e São Paulo.


Há também quem viaje mais de mil quilômetros para comprar os discos na Naftalina,como conta Dino, ao lembrar de um cliente que mora em Goiás.


“Eu vendo uns R$ 4 ou 5 mil, dependendo do que eu tenho, entre discos, CD’s, DVD’s, livros… Meu público é bem grande, tem jovem, idosos, homem, mulher, de todas as idades. Uma vez um menino de 10 anos chegou na loja e ele conhecia todos os discos dos Beatles”, conta.


Com a pandemia de coronavírus, Dino explica que as vendas diminuíram em cerca de 30%, mas como ele também divulga nas redes sociais e reserva os produtos, a loja não está parada.


“Na realidade eu abri isso aqui e nem imaginava que teria tanta gente procurando. Eles pagam tanto por um disco e eu, particularmente, não achei que pagava. Tem disco do Caetano, Jorge Ben Jor que vale R$ 300”, explica.


A loja também representa a nostalgia. Durante os anos, o dono afirma que já passaram pelo local diversas pessoas que lembravam de outras épocas ao encontrar determinados discos.


“Eu coloco para tocar na loja músicas de todos os gêneros, clássico, rock, sertanejo. Não posso colocar só o que eu gosto. Teve uma vez que eu me emocionei. Um rapaz parou, ficou ouvindo e começou a chorar. Ele contou que lembrou do pai dele, comprou o disco e levou. Acontece bastante também de casais que se separaram e ficaram com a música na cabeça.”


Mesmo com o contato diário com discos de vinil, Dino conta que não possui uma vitrola na casa dele. “Em casa de ferreiro o espeto é de pau, eu não tenho toca discos, mas compro pra vender”, conclui.


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