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  • Foto do escritorNicole Annunciato

'Mudando uma cabeça por vez'

Atualizado: 4 de jul. de 2022



Cortar o cabelo, pintar, alisar, enrolar, colocar aplique... São muitas as decisões que podemos tomar em um salão de cabeleireiro, porém em Atibaia, no interior paulista, a missão da Adriele Natalia da Silva vai muito além de estética.


“Autoconhecimento e quebra de padrão: Essas são as palavras chaves do meu trabalho. O cabelo é a última coisa em que eu mexo, preciso sempre desconstruir algo na pessoa pra poder obter um bom resultado, também gosto de dizer que é uma terapia”, conta.

Nascida em Recife, capital de Pernambuco, Adriele não sabia exatamente o que queria fazer ao terminar o ensino médio. Dessa forma, começou a trabalhar e fazer um curso básico de capacitação de auxiliar de cabeleireiro, pois gostava de cuidar do próprio cabelo.


Foi quando o “amor à primeira vista” surgiu. No primeiro dia de aula ela afirma que se encontrou e sabia exatamente o que queria fazer: Ser cabeleireira.



Atualmente, com 23 anos, Adriele tem um salão na cidade onde mora e trabalha com cortes e tratamentos, mas o processo de “embelezamento” vai muito além disso.


“Recebo muitas mulheres frustradas com o cabelo, que nunca foram ensinadas a tratar ou ter a liberdade de um corte legal sem precisar alisar os fios. Meu foco é totalmente o natural, tento mostrar que podemos ser livres se nos respeitarmos, e com paciência obter o melhor resultado em nós mesmas, sem um padrão pra seguir.”


Com o investimento nessa área, a cabeleireira passou a receber, em média, de 120 a 160 clientes por mês. Porém, ela conta que no começo questionou bastante se conseguiria trabalhar como foco em corte, pois era mais comum receber clientes para químicas.


“Não trabalho com nenhum tipo de química que altera a estrutura do fio, por exemplo progressiva. Quando eu decidi parar de trabalhar com isso muitas pessoas apareceram, confiando mais no meu trabalho e ouvindo o que eu tinha a dizer a respeito.”


“Dentro de mim tinha uma vontade absurda de poder ensinar as mulheres a cuidar do próprio cabelo, repassar o que eu sabia, principalmente numa área de pouca atuação, que é o cabelo natural. Felizmente segue mudando aos poucos e cada vez mais encontro mulheres aceitando sua raiz. Mas surgiu de um momento de muito questionamento sobre minha missão nesse mundo, decidi me ouvir e aqui estou, com esse projeto lindo e que tenho muito orgulho.”


O melhor tipo de pagamento, para ela, é o feedback das clientes que, como em um passe de mágica, se sentem renovadas ao sair do salão da Adriele.


As histórias contadas diariamente para ela fazem a cabeleireira se emocionar a cada frase com a força que as mulheres tem diariamente.


“Nós mulheres temos uma força absurda e reconhecer isso em outra pessoa é reconhecer em si mesma, então todas as histórias me marcam”, diz.


“Eu atendo mulheres carinhosas e abertas, mesmo as que chegam com vergonha no início. Me mandam textos e fotos sobre o cabelo, sempre felizes e agradecendo pelo meu trabalho. Essa é a minha parte favorita, é onde eu percebo que o meu trabalho está realmente atingindo as pessoas”, explica.


Diferente da mulher maravilha, capitã Marvel, viúva negra e diversas outras heroínas dos quadrinhos, Adriele é uma super heroína da vida real, lembrando à todas as mulheres o poder que cada uma tem dentro delas.


“É gratificante, emocionante, me traz força e muita vontade de continuar mudando uma cabeça por vez. Eu sou extremamente grata por poder usar a beleza pra me aproximar de mulheres e passar a minha mensagem.Independente de todo esse sistema que criaram pra nos barrar, estamos cada vez mais unidas e nos tornando o mulherão que devemos ser pra nós mesmas”, conclui.



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